Com investimento de mais de R$ 1,7 milhão, o programa Jornada da Mulher Trabalhadora pretende qualificar 1.080 profissionais até o fim do ano
A dona de casa Tereza Cristina de Sousa, 25 anos, viu nos cursos do programa Jornada da Mulher Trabalhadora oferecidos pelo Governo do Distrito Federal (GDF) uma oportunidade de qualificação profissional e de gerar renda para a família. Como ela, 360 mulheres moradoras de Brazlândia e região iniciaram nesta semana as aulas dos cursos profissionalizantes ofertados pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda (Sedet).
“Quando vi as inscrições, logo me identifiquei com o curso de trancista, até para entender a origem delas. Eu, como mulher negra de cabelo afro, acredito na representatividade das tranças, porque muitas das vezes a gente tem vergonha do nosso cabelo. Vi no curso uma forma de entender minhas origens e correr atrás dos meus sonhos com uma nova profissão, me capacitar, começar a trabalhar e levar mais uma renda para minha casa”, acredita a futura trancista.
Os treinamentos em parceria com o Instituto Cultural e Social do Distrito Federal vão até 1° de setembro, na Praça da Bíblia, em Brazlândia, e qualificam as alunas nos cursos de maquiagem profissional, secretariado administrativo, cuidadora de idoso, alongamento de unhas, cabeleireira profissional e trancista. Todos os cursos têm carga horária de 80 horas/aula. São 60 vagas para cada modalidade, sendo 30 alunas em cada turno (matutino e vespertino).
A coordenadora geral do Jornada da Mulher Trabalhadora, Karina Martins, afirma que o projeto busca empoderar e dar autonomia financeira para as mulheres das regiões. “Os cursos dão a possibilidade delas se qualificarem e de serem patrões delas mesmo. O nosso objetivo é aprimorar essas mulheres e tirar elas da informalidade e as lançarem no mercado de trabalho”, destaca.
As cunhadas Aline Kellen, 27, e Patrícia Pereira, 23, querem concluir o curso para abrirem juntas um negócio. “O meu objetivo é montar o meu espaço, sou cabeleireira e trabalho como manicure e pedicure, estou me capacitando para atender melhor o meu cliente e ser independente”, afirma Kellen. Já Patrícia espera aprender e auxiliar a cunhada nesse novo espaço. “O curso vai me ajudar, ainda não tenho experiência, mas o conhecimento adquirido aqui será essencial para esse sonho. E juntas vamos conseguir”, completa.
O programa abrange pessoas da comunidade LGBTQIA+; uma delas é a aluna Aurora da Conceição, 20, mulher trans, que trabalha como designer de sobrancelhas e espera aprimorar o conhecimento e a rede de atendimento. “Estava na turma do Renova DF e vi essa oportunidade. Eu queria fazer o curso de maquiagem, mas não tinha mais vaga, e me inscrevi no de cabeleireira. Acredito que o curso irá abrir portas, ampliar e aprimorar as minhas qualificações e minha clientela”, acredita.
Investimentos e benefícios
Com investimento de R$ 1.709.961, o programa já formou este ano 332 mulheres em Ceilândia nos últimos dois meses e irá qualificar 1.080 maiores de 16 anos nas cidades de Brazlândia e Sobradinho II.
Segundo a coordenadora do projeto, a procura das mulheres pelos cursos tem sido grande, e a fila de espera para preencher vagas de evasão também é enorme. “Temos uma lista de espera grande aqui em Brazlândia. Mais mil mulheres se inscreveram e , se até a próxima terça-feira houver desistências, chamaremos outras pessoas. O projeto tenta ao máximo facilitar a vida dessas mulheres para que concluam o curso e temos muitas delas que terminam e abrem seus negócios”, ressalta Karina Martins.
Além da certificação, as alunas recebem o uniforme, todo o material para a prática durante as aulas e o auxílio para o transporte coletivo.
Com informações da Agência Brasília