Já ouviu falar na dificuldade de cicatrização de pacientes diabéticos? Um estudo realizado por estudantes de Enfermagem do Centro Universitário de Brasília (CEUB) em colaboração com o Laboratório de Desenvolvimento de Inovações Terapêuticas (LDT – NMT/UNB) apresentou resultados promissores no uso do extrato de sucupira branca (Pterodon pubescens) como agente cicatrizante em úlceras crônicas de pacientes com lesões causadas pela doença. A pesquisa, conduzida pelos discentes Artur Bomtempo e Vivian Rodrigues, aponta aceleração no tempo de cicatrização de úlceras venosas crônicas em pacientes com diabetes tipo II.
Uma das complicações mais debilitantes do diabetes é a neuropatia diabética, caracterizada por úlceras nos membros inferiores que podem ser agravadas por infecções. Essas feridas podem ser desencadeadas por alterações neurológicas, ortopédicas ou vasculares, resultantes da neuropatia diabética, que prejudica os nervos, causando deformações nos ossos e músculos dos pés, além da redução da sensibilidade da pele. Para realizar o estudo, os estudantes usaram formulações oleosas contendo extrato hexânico de sucupira branca, diluído em mistura de ácidos graxos presentes no produto comercial Dersani, com concentração de 1%.
Entre os perfis, o estudo acompanhou a evolução de um paciente de 93 anos com diabetes tipo II, hipertensão arterial sistêmica e doenças vasculares, que apresentava uma úlcera venosa crônica em estado inflamatório. Ele recebeu a aplicação de quatro gotas do extrato LDT-PPH 1%, diretamente sobre a ferida após a limpeza. Também foram utilizados hidrogel com alginato de cálcio em áreas de esfacelo e tecido de necrose, e a cobertura primária consistiu em gaze estéril, seguida de atadura e esparadrapo como cobertura secundária.
Após quatro semanas de aplicação do extrato, observou-se uma taxa de cicatrização de 36,72%. A úlcera retraiu-se, formou-se tecido cicatricial e houve diminuição no exsudato e no odor característico de feridas crônicas. Os resultados indicam que o extrato LDT-PPH 1%, em combinação com ácidos graxos presentes no produto comercial Dersani, possui um grande potencial no processo de cicatrização de úlceras crônicas, especialmente na fase inflamatória e de tecido de granulação. O extrato mostrou-se eficaz ao auxiliar diretamente e indiretamente no processo proliferativo e na vascularização do leito da ferida.
“O procedimento promoveu aumento da vascularização e redução da inflamação, resultando em um leito da ferida com tecido vermelho vivo e brilhante”, explica a orientadora da pesquisa, professora da Faculdade de Ciências da Saúde do CEUB, Lélia Leoi Romeiro. A descoberta representa um avanço significativo no tratamento de pacientes com pé diabético, fornecendo uma alternativa terapêutica promissora para a cicatrização de úlceras crônicas. “Futuros estudos clínicos poderão confirmar esses resultados e explorar ainda mais o potencial terapêutico do extrato de sucupira branca no campo da cicatrização de feridas”, defendem os estudantes.
Extrato de sucupira
A sucupira é uma árvore comum no cerrado brasileiro e possui propriedades medicinais. Suas partes, desde a raiz até as folhas, são utilizadas na medicina popular. É conhecida por seus efeitos anti-inflamatórios e é frequentemente utilizada no tratamento de condições como reumatismo, artrite, artrose e dores crônicas.
Cenário do diabetes no Brasil
O diabetes é uma doença cada vez mais presente na sociedade atual, e o Brasil ocupa a preocupante posição de 5º país com maior incidência da doença no mundo. Segundo o Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF), estima-se que até 2030 o número de casos no país alcance a marca de 21,5 milhões de adultos entre 20 e 79 anos.