A maldição do elefante branco

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Brasília tem hoje o segundo maior estádio do país e o mais caro entre todos em território brasileiro. O Estádio Nacional Mané Garrincha, depois de reformado para a copa de 2014, passou a receber jogos com uma torcida de mais de 50 mil pessoas, mesmo localizado no Distrito Federal onde o campeonato estadual está distante dos principais do país.

Considerado um grande elefante branco, pela falta de uso de sua arena, o monumento assemelha-se à antiga lenda asiática onde os elefantes brancos, apesar de sagrados, traziam consigo também maldições: custando muito caro mantê-los vivos.

No lugar onde se tem um elefante branco de 1,2 bilhão de reais, também há um campeonato sem expressão local, carente de torcida da população, patrocínio da iniciativa privada e apoio do poder público. A estrutura do futebol no DF hoje é triste. Campos abandonados, arenas sem condições de jogo, público reduzido para prestigiar o futebol local.

Enquanto o Flamengo lota o Mané Garrincha com uma receita de quase R$ 700 mil reais, os times locais trabalham com valores pífios que não ultrapassam a casa dos R$ 10 mil. A mídia pouco divulga e não incentiva o morador do DF ir ao jogo. A Federação, historicamente afundada em polêmicas, prejudica a evolução do futebol candango – a exemplo dos escândalos de corrupção envolvendo os últimos três presidentes da entidade.

Um jogador de futebol no DF joga no máximo 4 meses durante o ano, salvo aqueles que disputam a série D do Campeonato Brasileiro ou que são emprestados para outros clubes. Pela falta de verba dos times, a média de duração dos contratos não passa de um ano e, por isso, muito jogadores têm que se dividir entre o futebol e uma segunda profissão para conseguir sobreviver.

Por outro lado, os dirigentes dos clubes têm sua parcela de responsabilidade diante desse cenário. Ingressos com valores altos, falta de gestão dos clubes e ações autoritárias ilustram bem a situação. Como por exemplo dirigentes que proíbem a entrada de ônibus de times visitantes ao estádio de seu clube. O individualismo, a mesquinharia e o lucro imediato é o que domina a cabeça de alguns desses representantes.

A falta de divisões de base nos times do DF é outro sinal da falta de esperança para o nosso futebol. Hoje, poucos são os clubes que preparam os atletas da base para se tornarem os profissionais do futuro. Sem renovação não tem como sairmos dessa situação.

O que o futebol candango precisa é de união. União dos times para encher os jogos, do governo para dar apoio ao futebol local, da mídia destacando os talentos da casa e do próprio torcedor, reconhecendo sua identidade candanga e indo ao estádio prestigiar o time da sua região.

Como técnico do Sobradinho, eu venho buscando essa união em nosso time. A diretoria junto com a comissão técnica e os jogadores, passamos de time favorito ao rebaixamento para finalista da edição 2018 do Candangão.

Nossos resultados são exatamente os resultados de um futebol feito com seriedade e gestão, valorizando os atletas e trabalhando de maneira profissional para alcançar nosso objetivo. Ainda há tempo para os times locais voltarem aos grupos de elite do país e ainda há esperança de consertarmos o futebol do DF. O que falta é gestão e vontade.

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