Com cerca de 10 mil produtores, o setor é impulsionado por apoio técnico da Emater-DF e políticas públicas de compras governamentais.
Desde 2014, o dia 25 de julho marca o Dia Internacional da Agricultura Familiar, instituído pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). No Distrito Federal, a data celebra a força de quase 10 mil famílias que tiram da terra o sustento e produzem alimentos saudáveis que abastecem a população local.
Apoio técnico, capacitação e orientação contínua são pilares do trabalho da Emater-DF junto a esses agricultores. Presente no território desde 1978, a empresa realizou mais de 170 mil atendimentos em 2023, entre visitas técnicas, oficinas, palestras e ações voltadas ao fortalecimento da produção sustentável.
Segundo Cleison Duval, presidente da Emater-DF, a agricultura familiar reúne três frentes essenciais: produção, sustentabilidade ambiental e bem-estar social. “Nosso trabalho envolve a realidade de cada família, oferecendo suporte técnico e integrando programas sociais”, destaca. Ainda segundo balanço da empresa, a cada real investido na Emater, R$ 7,98 retornam à sociedade na forma de produtos de qualidade, geração de emprego e inclusão rural.
Da horta ao Cerrado preservado
Valdir Manoel de Oliveira é um exemplo do impacto positivo da agricultura familiar. Instalado no Núcleo Rural Boa Esperança, em Ceilândia, ele comanda o Sítio Vida Verde com produção orgânica de frutas e hortaliças — sem o uso de agrotóxicos. “Desde os anos 1990, recebo o apoio da Emater, com visitas quase semanais”, conta. No terreno de Valdir, são cultivados desde banana e tomate até açaí, com planejamento para adotar energia fotovoltaica e um sistema biodigestor.
Flores que brotam do empreendedorismo
Na Colônia Agrícola Rajadinha, em Planaltina, Lucimar Freiman — ou Dona Lu, como é conhecida — cultiva suculentas e flores ornamentais. Com o incentivo da Emater-DF, transformou a paixão por plantas em um negócio consolidado: “Comecei na varanda de casa e hoje já tenho três estufas”. Dona Lu participa de feiras, ministra oficinas e fornece para lojas de paisagismo e eventos. “A orientação técnica foi essencial para que eu encontrasse um produto com boa aceitação e viabilidade comercial”, afirma.
Perfil e abrangência
A Lei 11.326/2006 estabelece os critérios para classificar agricultores familiares no Brasil. No DF, as propriedades devem ter até 5 hectares e a produção precisa empregar majoritariamente a mão de obra da própria família. De acordo com o Censo Agropecuário de 2017, mais de 10 milhões de brasileiros fazem parte desse segmento — cerca de 67% de todos os trabalhadores do campo no país.
Somente em 2024, os 9.818 produtores familiares atendidos pela Emater-DF movimentaram R$ 1,078 bilhão, com destaque para cultivos de morango, tomate, alface, pimentão e a avicultura. Desse total, cerca de 100 mil atendimentos foram voltados exclusivamente para agricultores familiares nos núcleos rurais e colônias agrícolas do DF.
Políticas públicas de incentivo
Programas de compras públicas têm sido fundamentais para garantir renda e ampliar o alcance da produção familiar. No DF, iniciativas como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e o PAPA-DF (Programa de Aquisição da Produção da Agricultura) viabilizam a comercialização dos produtos diretamente com o governo.
Somente neste ano, essas políticas beneficiaram 1.884 agricultores, organizados em 17 associações e cooperativas, com mais de R$ 44 milhões investidos. Os alimentos foram destinados a escolas, instituições socioassistenciais e órgãos públicos, alcançando mais de um milhão de pessoas.
Ao unir tradição, sustentabilidade e inclusão produtiva, a agricultura familiar do Distrito Federal mostra sua força como vetor de segurança alimentar e desenvolvimento regional.